Inspiração atual
A inspiração do artefato consiste no manejo da arma para o bem ou para o mal. A atribuição arquetípica do heroi e do fora da lei presente nas sociedades são a inspiração para o artefato artístico. Na realidade, tal observação arquetípica foi antes de tudo um produto da participação de algumas rodas de capoeira. Um vez capoeirista, sempre capoeirista. Não há como retroceder a esta vivência fantástica desenvolvida primeiro nas senzalas e pelos negros. Foi considerada atividade criminal e perseguida no Brasil. Hoje é uma representante cultural brasileira de uma arte marcial.
A experiência da malícia da capoeira, a ginga, permite ver o adversário como aquele que não tem medo de tocar o ponto fraco do oponente. Assim, foi a primeira vez que pude contemplar esta situação do movimento da vida a qual uma roda de capoeira possui uma grande maestria em ensinar com leveza e alegria da música de tambores, pandeiros, berimbau e a confraternização do canto e palmas.
Um capoeirista antigo ensinou-me durante uma observação de uma luta que aquele que se destempera ou que fica enraivecido perde o compasso e não possui ainda a ginga que é enfrentar o obstáculo com determinação em aperfeiçoar a si próprio. Significa também continuar na dança, aprender, testar o outro sem desespero. Então, aqueles comentários do capoeirista antigo eram sobre os dois colegas observados durante o jogo. Um deles representava uma força do bem, do altruísmo e o outro que caracterizasse as vicissitudes e a maldade, bem como a feiúra. Em outras palavras, um era uma pessoa querida e o outro era um ser que todos nós detestávamos. Todos do grupo sabiam disso, mas é claro que ninguém verbalizava o que era nítido até mesmo no comportamento daquele malvado que ninguém conseguia ficar perto.
O desempenhos daqueles dois durante a luta foi de um grande ensinamento prático enquanto observava a raiva que um despertava no outro em suas habilidades e controle emocional e físico. Assim, o malvado esperto ria, atingia todos os pontos fracos do bonzinho sem nenhuma consideração. A humilhação de habilidades foi cruel, vergonhosa. O malvado ganhou para a minha surpresa e o bom ficou destemperado, perdeu o passo, a dança, o balanço e transbordou de raiva. Uma briga real estava prestes a acontecer a qualquer instante. Mais habilidoso era o malvado e detestável. Afinal, ele destratou o oponente ao máximo que não era necessário. Tal ocorrência causou espanto para todos do grupo que abençoavam o bondoso. O jogo foi sendo transformado em uma verdadeira luta intensa com marcações de pontos e esquivas. Estava no limite do jogo à brinca para tornar à vera. A música ficou agitada no canto e nos instrumentos e todos já percebiam que alguma coisa bem pior estava prestes a acontecer. Houve uma interferência maior antes que a luta se tornasse verdadeira. O aluno bom e descontrolado por tanto ataque foi retirado pelo professor que foi jogar contra o malvado. O controle físico na luta, emocional e fisionomia imparcial e descontraída do professor de capoeira foi excepcional. Ele desconcertou o discente sem humilhar ou ter raiva. A vitória daquele professor de capoeira impôs um respeito ao oponente.
Foi o triunfo daquele professor que demonstrou que o heroi mantém as mais altas habilidades, sem humilhar os outros, mesmo que eles sejam inferiores em valores éticos, humanos e espirituais. A cena foi marcante e levei para sempre a bebida deste conhecimento que foi experimentado na prática como uma grande lição de vida.
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Inspiração antiga
Inspiração de “O Beijo”.
Introdução
“O Beijo” é uma produção do artefato para apresentação ao Doutoramento em Média-Arte Digital da Universidade do Algarve e da Universidade Aberta. A inspiração para o “O Beijo” como artefato tecnológico e artístico na visão de mudança de cores veio por meio da obra Illusion, Laia Cabrera et al. Sobre “O Beijo” como ideal de ternura, a inspiração veio de Gustav Klimt (1862-1918) em sua obra “O Beijo”.
Illusion, Laia Cabrera et al.
A obra Illusion (Laia Cabrera et al, 2021) utiliza uma sala fechada e uma série de projetores e sensores para decodificar o movimento dos visitantes e transformar em arte digital em movimento, imagem geométrica e explosão de cores.
Figura 4. Explosão de cores e movimento da obra Illusion de Laia Cabrera et al (2021).
Tecnicamente, a sala usada foi fechada para permitir a iluminação dos projetores e permitir a imersão do público na exposição da tela digital que consta como o chão e as paredes. É possível que as paredes tenham sido brancas ou totalmente negras e esse fator depende do tipo de tecnologia dos projetores e sensores utilizados. A exposição configura várias sequências geométricas em arte digital que são combinadas com variações de luz, cores e movimentos.
Figura 5. Garota se diverte interagindo com bolhas. Obra Illusion de Laia (Cabrera et al, 2021).
A obra cativa a imediata a atenção dos espectadores que passam contribuir diretamente com a arte na modificação dos traços por meio do balanço do corpo ou simples caminhar. Ao mesmo tempo, o ambiente é preenchido por um solo de violino que possui som constante, sem grandes alterações ou inclusão de outros elementos musicais. Assim, o palco das sensações e risos é do próprio frequentador que brinca com a obra dos artistas. A possibilidade de interatividades com as cores e mudanças em relação ao movimento dos espectadores é a grande inspiração que a obra Illusion trouxe como uma possibilidade e criação do artefato “O Beijo” com mudança de cores.
O Beijo de Gustav Klimt (1862-1918)
A segunda inspiração para “O Beijo” veio da obra “O Beijo” de Gustav Klimt.
Segundo Molina (2010) a interpretação do quadro é da mulher que recusa o beijo masculino. Entretanto, não é essa a minha interpretação sobre esse quadro. A representação demonstra a mais completa felicidade por meio do ouro que reflete a associação ao sol, lembra o sucesso, virtude e riqueza. O beijo é na face, mostrando o amor romântico e o casal conta com a mesma cor ouro, remetendo a uma sintonia entre eles. A mulher envolve o rapaz pela nuca e a posição indica que aceita o afago. Aliás, o amarelo dourado mais claro permeia os corpos e o contorno dos corpos do casal (auras) demonstrando o envolvimento entre eles. Esse manto de ouro representa o máximo da experiência sentimental humana amorosa em que equivalentes (sem nenhuma submissão ou dominação) podem compor a sinfonia de amar. Na cabeça masculina há folhas verdes e na cabeça feminina existem flores brancas e azuis e isso indica que um é o complemento do outro (folhas e flores). O corpo masculino possui elementos retangulares sólidos e ostensivos e os elementos geométricos circulares são mais velados. Já o corpo feminino apresenta os elementos circulares destacados e coloridos e os elementos retangulares são evasivos. Dessa forma, o casal encarna a complementaridade perfeita com a nítida percepção entre Yin e Yang, os dois movimentos de energia que compõem a matéria da natureza, conforme o conhecimento da medicina tradicional chinesa e do Tao. No chão, as pequenas flores em tom lilás, azul, amarelo e as folhas verdes trouxeram mais romantismo e a sensação de delicadeza no trato que é necessária para o relacionamento de um casal feliz em que ambos se ajoelham entre si em entrega, dedicação e serviço.
Conclusão:
A inspiração de interatividade do meio digital e eletrônico foi despertada por meio da obra Illusion e a inspiração de “O Beijo” Klimt trouxe uma percepção de experiência sentimental humana que pode ser positiva.
Bibliografia:
Cabrera, L. et al. Illusion. (2021). https://www.laiacabreraco.com/illusion
Molina, J. A., & Justo, J. S. (2010). As mulheres de Gustav Klimt. INTERthesis: Revista Internacional Interdisciplinar, 7(2), 107-142. 1.pdf
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